Michel Temer teve 'vitória de Pirro', afirma FHC

Fernando Henrique Cardoso chamou a derrubada da denúncia por corrupção contra Michel Temer no plenário da Câmara de "vitória de Pirro" —uma alusão ao rei Pirro, personagem que obteve um triunfo com gosto de derrota ao prevalecer sobre os romanos na célebre batalha de Ásculo. Pirro amargou tantas baixas em seu Exército que teria exclamado: Outra vitória como esta será a minha ruína!

"Foi uma vitória de Pirro, porque não adianta nada para o país", disse o grão-mestre do PSDB sobre o êxito do presidente. "Adianta, claro, para o presidente Temer. Mas, para o país, essa não era a grande questão." na opinião de FHC, os problemas que devem ser enfrentados são a retomada do crescimento, o fortalecimento da democracia e a redução da desigualdade social.

"Quem deu a sustentação maior ao governo [no plenário da Câmara] foi o Centrão, e eu não concordo com o Centrão como estilo político", criticou o ex-presidente tucano. FHC absteve-se de recordar que o fisiologismo foi uma marca também dos seus dois mandatos como presidente da República.

Instado a comentar o racha da bancada do PSDB —21 deputados tucanos votaram contra Temer e 22 posicionaram-se a favor do presidente— FHC lamentou: "Não vou mentir. É ruim. O PSDB está dividido e a votação mostrou isso. Ele não está fora do jogo dos partidos. Houve perda de crença nos partidos e isso inclui o PSDB."

Paradoxalmente, FHC defendeu a permanência dos quatro ministros que representam o partido na equipe de Temer. Alegou que, sem o PSDB, o governo dificilmente aprovará reformas que o tucanato considera essenciais. Citou a reforma política e a da Previdência. "Acho que o PSDB tem que aprovar essas reformas. Agora, ficar no governo é questão mais complicada. Minha inclinação à essa altura é: vamos fazer as reformas e aí decidir o que fazer."