Temer virou um presidente da cota do centrão
Os partidos políticos do centrão estão de novo no noticiário. Como sempre, eles pleiteiam, pedem, exigem. Receberam tudo para livrar o pescoço de Michel Temer da guilhotina. Agora, insatisfeitos com tudo, exigem um pouco mais. Querem novos pedaços de ministérios, de estatais, de autarquias e de repartições públicas onde possam espetar seus interesses particulares e seus propósitos escusos. A extorsão do centrão é péssima. Mas há algo bem pior: Michel Temer se dispõe a pagar a fatura.
Temer encomendou um levantamento sobre os humores do bloco partidário que se tornou seu principal esteio no Congresso. Alega que precisa preservar a governabilidade. Essa palavra, extraída da ciência política, ganhou um sentido gangsterístico. Governabilidade virou um outro nome para safadeza, gandaia, corrupção. Serve de justificativa para que os políticos invadam os cofres públicos.
O clientelismo e o fisiologismo são fenômenos tradicionais no Brasil. Mas a Lava Jato havia estimulado a ilusão de que a banda arcaica da política estivesse encurralada. Engano. Mentor do centrão, Eduardo Cunha está preso em Curitiba. Mas Michel Temer, livre da denúncia por corrupção, recompõe com esmero a aliança com o atraso. Ele diz que, para aprovar a reforma da Previdência, precisa restaurar a normalidade. Se em plena era da propina distribuída em malas o projeto-centrão de poder é o normal, resta rezar para que algo de muito anormal aconteça no Brasil.
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