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Josias de Souza

Do matrimônio PT-PMDB resta muito patrimônio

Josias de Souza

06/09/2017 22h52

Quando o brasileiro acha que já viu tudo, a Polícia Federal apreende R$ 51 milhões entesourados num apartamento, convertido em caverna de Ali-Babá, em Salvador. Normalmente, a diferença entre o dinheiro miúdo e o dinheiro graúdo é que o segundo fala mais alto. Mas a fortuna atribuída a Geddel Vieira Lima permanece, por enquanto, muda. Ninguém se animou a reivindicar a propriedade da dinheirama.

Michel Temer é um azarado. Num instante em que o presidente aproveita a erosão da delação da JBS para fazer pose de limpinho, seu ex-ministro, correligionário de três décadas, é acusado pela força-tarefa da Lava Jato de plantar bananeira dentro do cofre da Caixa Econômica Federal.

É natural essa timidez em assumir o butim, o maior já apreendido no Brasil. Trata-se de uma conquista coletiva. Suspeita-se que o grosso tenha sido amelhado em trambiques na Caixa. Geddel foi vice presidente da instituição no governo de Dilma. Indicou-o o então vice-presidente Temer.

PT e PMDB tocam o Brasil há 14 anos. O matrimônio acabou. Mas ficou o patrimônio. Se há dúvidas quanto à quantidade e à identidade dos assaltantes, há uma sólida certeza sobre o assaltado. Nesse roubo, você, caro contribuinte, entrou novamente com o bolso.

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.