Moreira: crise moral será ‘resolvida no Judiciário’
Hoje tivemos um dia importante para a economia brasileira. O governo arrecadou R$ 3,8 bilhões com leilão de 37 blocos de petróleo e gás. pic.twitter.com/9XywZeoDDK
— Moreira Franco (@MoreiraFranco) 27 de setembro de 2017
Em vídeo veiculado na internet na noite desta quarta-feira, Moreira Franco, ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, disse que Michel Temer e seu governo fazem uma "separação" entre a ação administrativa e a crise moral, "que é uma questão a ser resolvida no Poder Judiciário." Ele declarou isso num instante em que o Planalto se articula para sepultar na Câmara a segunda denúncia da Procuradoria-Geral da República, impedindo novamente que o Supremo Tribunal Federal dê continuidade às investigações.
Moreira gravou o vídeo para celebrar o leilão de campos de óleo e gás realizado nesta quarta-feira. Arrecadaram-se R$ 3,84 bilhões. "Foi o maior sucesso", disse o ministro, antes de emendar: "Alguns jornalistas, alguns comentaristas insistem em me perguntar se de fato está havendo uma separação entre a economia, que está indo muito bem, e a crise política, a crise moral, que não está indo bem.
O ministro prosseguiu: "Eu tenho dito que acho curiosa essa pergunta, porque ela demonstra que não entendem o que o presidente Temer e o governo vêm fazendo: a separação entre as atribuições de governo e o enfrentamento desta campanha insidiosa de desmoralização do presidente da República, que é uma questão a ser resolvida no Poder Judiciário, pelos advogados, com as regras do Direito."
Moreira arrematou: "A ação administrativa, a ação de governo tem um foco, tem meta, está escrita na Ponte para o Futuro. E o compromisso maior é tirar o Brasil da maior crise econômica da sua história. Já vencemos a recessão, a inflação caiu, a carestia está diminuindo substancialmente e os empregos estão voltando."
Ironicamente, Moreira também integra o rol dos acusados na segunda denúncia da Procuradoria contra Temer. Foi apontado como integrante de uma organização criminosa do PMDB, da qual fazem parte também Temer e Eliseu Padilha, chefe da Casa Civil da Presidência. Antes mesmo de ser mencionado na denúncia, Moreira foi citado em delações da Odebrecht e da JBS. Cuidou de proteger-se atrás do escuro do foro privilegiado.
Há dois dias, a Câmara aprovou a medida provisória em que Temer incluiu a recriação da Secretaria-Geral da Presidência. Coisa feita sob medida para Moreira. A oposição apresentou emenda retirando do cargo o status de ministro. Por muito pouco (5 votos) Moreira não perdeu o escudo que o impede de virar matéria-prima para Sergio Moro, em Curitiba.
O texto original da medida provisória foi mantido por um placar apertadíssimo. Votaram a favor da preservação do título de ministro concedido a Moreira 203 deputados. Votaram contra 198. Registraram-se 7 abstenções. Ficou entendido que o prestígio do ministro entre os deputados é sólido como um pote de gelatina. Para sorte de Moreira, a Câmara decidiu que não será fatiada a denúncia que o acusa, junto com Temer e Padilha, de formar uma organização criminosa. A mesma denúncia imputa também a Temer a acusação adicional de obstrução da Justiça.
Se os acusados e os crimes fossem votados separadamente na Câmara, não seriam negligenciáveis as chances de os deputados enterrarem as acusações contra Temer e autorizarem o Supremo a dar continuidade às investigações contra Moreira e Padilha.
Estima-se que a segunda denúncia da Procuradoria chegará ao plenário da Câmara apenas no final de outubro. Até os aliados mais otimistas de Temer já admitem que foi para o beleléu a hipótese de votar a reforma da Previdência. Sem ela, fica ainda mais acentuado o desequilíbrio fiscal que imprime à retomada do crescimento econômico um ritmo de lesma em estado de coma. Quer dizer: a alegada separação entre a rotina administrativa do governo e a crise moral só existe na fábula que o Planalto criou para desconversar sempre que alguém pergunta por que diabos o governo fez uma opção preferencial pela falta de ética.
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