Denúncia anti-Temer corre em ritmo de oba-oba
O deputado Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, escolheu o colega Bonifácio de Andrada (PSDB-MG) para ser o relator da segunda denúncia contra Michel Temer. Com isso, a tramitação da peça ganhou um ritmo de oba-oba.
Para o interesse público, o ritmo de oba-oba não é bom. Mas para Temer e os ministros que foram denunciados junto com ele, Eliseu Padilho e Moreira Franco, o ritmo de oba-oba é vital. O tucano Bonifácio é ligadíssimo a Aécio Neves, grão-duque do pedaço governista do tucanato.
Bonifácio gosta de Temer. Na votação da primeira denúncia, que acusava o presidente de corrupção passiva, o deputado disse "sim" ao arquivamento. "Em favor das instituições e do progresso do Brasil", justificou (veja no vídeo lá do alto).
Está entendido que o relator não fará muitas perguntas sobre os crimes apontados na nova denúncia : formação de organização criminosa e obstrução de Justiça. Entregará tudo o que o governo necessita para asseguar o sepultamento das acusações —da coroa de flores à última pá de cal.
A vantagem do ritmo de oba-oba é encurtamento do teatro. Entre um oba e outro, não haverá muito espaço para a perda de tempo com debates sobre o que é certo ou errado. Isso é coisa para oposicionista chato e jornalista enxerido.
No ritmo de oba-oba o certo e o errado são substituídos pelo conveniente e o inconveniente. O enterro de indícios vivos revela que o problema do brasileiro não é a falta de memória, mas a ausência de curiosidade. O bom é que ninguém pedirá a exumação, para não quebrar o ritmo.
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