Henrique Jekyll + Meirelles Hyde = instabilidade
Há dois Meirelles na praça. Está cada vez mais difícil distinguir o ministro da Fazenda do candidato à Presidência. Ambos são muito confusos. O ministro comemora o sucesso de um ajuste fiscal que, sem a reforma da Previdência, não existe. O presidenciável nega em nota oficial a candidatura que ele próprio, em entrevista, admite que já existe.
A assessoria de Meirelles deve estar muito confusa com esse negócio de separar os dois personagens. Sugere-se a utilização de bonés. O boné do ministro seria adornado com a letra 'M'. O do candidato estamparia a letra 'C'. Meirelles adquiriu o inusitado hábito de frequentar eventos evangélicos. Quando estiver no culto, boné de candidato. Para falar com os repórteres na saída, boné de ministro.
O maior problema é que, no fundo, todos sabem que não há como deixar de tratar os dois Meirelles como um só. A soma dos personagens dá um ministro da Fazenda que tende a trocar o rigor técnico pela conveniência política do candidato. O risco que o país corre é o de assistir a uma situação do tipo Dr. Jekyll e Mr. Hyde. À medida que vai penetrando o universo do tudo-ou-nada eleitoral, o candidato se aproveitará das distrações do ministro para ocupar seu corpo de médico com o monstro que substituirá a política econômica necessária por uma ação evasiva e eleitoreira.
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