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Josias de Souza

Eleitor reprovaria saída de Doria, indica pesquisa

Josias de Souza

11/02/2018 06h03

Pesquisa feita por encomenda da liderança do PSB na Câmara de Vereadores de São Paulo indica que 78% do eleitorado paulistano reprovaria a eventual renúncia de João Doria (PSDB) ao cargo de prefeito para concorrer ao governo do Estado. Apenas 22% disseram considerar a troca "importante". O PSB é o partido do vice-governador Márcio França, que assumirá a poltrona de Geraldo Alckmin em abril e já anunciou que disputará a reeleição.

Ouviram-se 1.891 pessoas na cidade de São Paulo, entre quinta (8) e sexta-feira (9). A liderança do PSB não informa o nome do instituto responsável pela pesquisa, feita para orientação partidária. Indagados sobre o que fariam se Doria renunciasse, 71% disseram que não votariam nele para governador. Outros 29% afirmaram que dariam seu voto a Doria.

Em outubro do ano passado, o Datafolha divulgou uma pesquisa análoga. Naquela época, Doria ainda flertava com a ideia de concorrer ao Planalto. Verificou-se que 58% dos paulistanos preferiam que ele ficasse na prefeitura. Apenas 10% aprovavam sua candidatura presidencial. E 15% apoiavam uma hipotética candidatura a governador.

Nesta sondagem do Datafolha, apenas 18% dos entrevistados manifestavam a intenção de votar em Doria para a Presidência. Um percentual maior, de 26%, dizia que votaria nele para governador. A maioria declarou que não votaria nele de jeito nenhum para o Planalto (55%) ou para o Palácio dos Bandeirantes (47%).

Marcio França tenta se firmar como candidato único do campo político de Geraldo Alckmin, que se equipa para concorrer à Presidência. Mas João Doria vem repetindo que não há hipótese de o PSDB abrir mão de disputar o governo de São Paulo. A pesquisa do PSB oferece matéria prima para França fustigar o rival.

Nada menos que 72% dos entrevistados concordaram com a tese segundo a qual, se Doria renunciar à prefeitura, terá mentido na campanha, "como fazem os demais políticos". Apenas 28% consideraram que ele já cumpriu as promessas que fez na eleição municipal.

Doria não é o primeiro tucano a enfrentar esse tipo de dilema. Em junho de 2005, quando José Serra era prefeito e cogitava disputar a Presidência da República, o Datafolha verificou que 67% dos paulistanos diziam que ele deveria permanecer na prefeitura. Acabou prevalecendo no PSDB a candidatura presidencial de Alckmin, derrotado por Lula no segundo turno. Serra disputou o governo estadual. A despeito do nariz torcido do eleitor para a renúncia ao cargo de prefeito, ele venceu a eleição.

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.