No Rio, confunde-se truculência com assistência
O Rio de Janeiro já entregou suas favelas e bairros pobres à criminalidade. Agora, à medida que penetra no caos, o poder público vai aviltando outros valores, além do bom senso. Escolhida como laboratório onde as forças da intervenção testam suas táticas, a Vila Kennedy experimentou em poucas horas o melhor e o pior da presença do Estado.
Na quinta-feira, soldados do Exército distribuíram flores à comunidade a pretexto de celebrar o Dia Internacional da Mulher. Na sexta, aproveitando o escudo dos militares, servidores da prefeitura do Rio derrubaram mais de três dezenas de barracas e quiosques que garantiam o sustento de gente honesta.
Nesse ritmo, os moradores não conversarão com os agentes do Estado senão em legítima defesa. Se forem assaltados, não chamarão as autoridades sem verificar primeiro se elas não vão lhes roubar a única fonte de renda.
Depois da passagem de suas retroescavadeiras, o prefeito-pastor Marcello Crivela mandou soltar uma nota. Nela, lamentou o "uso desproporcional da força, atingindo também, desnecessariamente trabalhadores." Tarde demais. Os agentes da truculência já haviam inoculado na alma das vítimas da falta de assistência estatal a suspeita de que Deus, assim como o Estado, talvez não exista.
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