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Josias de Souza

Defesa de Lula pede a Moro que remeta processos para a Justiça de São Paulo

Josias de Souza

25/04/2018 19h07

A defesa de Lula protocolou na 13ª Vara de Curitiba duas petições na tarde desta quarta-feira. Uma se refere à reforma do sítio de Atibaia. Outra, à negociação para a compra de um prédio para o Instituto Lula com verbas sujas. Em ambas os advogados pedem a Sergio Moro "a imediata remessa dos autos processuais para livre distribuição na Seção Judiciária do Estado de São Paulo", reconhecendo sua "incompetência" para julgar os casos.

As petições fazem referência à decisão tomada na véspera pela Segunda Turma do Supremo, que transferiu de Moro para um juiz federal de São Paulo, a ser sorteado, os trechos da delação da Odebrecht referentes ao sítio atribuído a Lula e à negociação para a compra de um terreno onde seria construída, com verbas sujas, uma nova sede para o instituto que leva o nome do ex-presidente.

Por um placar apertado —3 a 2— a Turma considerou que não há evidências que vinculem os dois casos aos desvios de recursos da Petrobras. Há seis meses, a Segunda Turma havia decidido o contrário. Por unanimidade, os cinco ministros que integram o colegiado avalizaram o envio dos depoimentos dos delatores para Sergio Moro. Agora, ao julgar um recurso dos advogados de Lula, os ministros Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski e Gilmar Mendes mudaram de posição.

Moro ainda não se pronunciou sobre as petições dos advogados do ex-presidente. Mas os procuradores que integram a força-tarefa da Lava Jato já enviaram ao juiz da Lava Jato ofício no qual sustentam que a 13ª Vara de Curitiba está, sim, apta a julgar os casos. Avaliam que a decisão do Supremo serviu apenas para tumultuar o processo. Mas não invalida o trabalho, pois as revelações dos delatores não são as únicas provas disponíveis nos autos. Anotam que os achados da força-tarefa foram colecionados antes mesmo de os executivos da Odebrecht firmarem acordo de colaboração.

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.