Topo

Josias de Souza

Pesquisa transfere Geraldo Alckmin para a UTI

Josias de Souza

14/05/2018 18h32

Dando-se crédito à pesquisa CNT/MDA, divulgada nesta segunda-feira, a candidatura de Geraldo Alckmin foi transferida da enfermaria para a UTI. Para onde quer que se olhe, a sondagem apresenta dados negativos para o presidenciável tucano. A única coisa que subiu foi a aversão a Alckmin. Em dois meses, sua taxa de rejeição cresceu cinco pontos percetuais, batendo em notáveis 55,9%. Quer dizer: mais da metade do eleitorado brasileiro informa que jamais votaria no presidenciável tucano.

Na pesquisa espontânea, quando o entrevistado revela sua preferência sem receber uma cartela de opções, Alckmin deslizou de 1,4% para 1,2%. Na sondagem estimulada, caiu de 8,6% para 5,3%. Num cenário sem Lula, perde para Jair Bolsonaro (18,3%), Marina Silva (11,2%) e Ciro Gomes (9%). O tucano só não está na quinta colocação porque Joaquim Barbosa retirou-se da disputa.

Num hipotético segundo turno, Alckmin seria derrotado por Lula, Bolsonaro e Marina Silva. E chegaria às urnas tecnicamente empatado com Ciro Gomes. Para quem ambiciona conquistar a condição de alternativa presidencial mais viável do centro político, Alckmin exibe uma coleção precária de dados. Os indicadores são tão sofríveis que parecem aproximar o candidato mais de um fiasco do que de um estímulo que leve seus rivais conservadores a se unirem em torno dele.

A existência de um grande número de eleitores sem candidato indica que a conjuntura eleitoral é móvel. Contudo, Alckmin teria de virar um anti-Alckmin para dar um salto. Para derreter sua taxa de rejeição, teria de ganhar um carisma que nunca teve, exibir um programa encantador e livrar-se da suspeita de que tenta empurrar investigações com a barriga. Parece um desafio grande demais para ser obtido nos 153 dias que faltam para a eleição.

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.