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Josias de Souza

Estrelas da eleição são Lula e os sem-candidato

Josias de Souza

20/08/2018 21h07

Na primeira pesquisa do Ibope depois da exclusão dos figurantes do elenco de presidenciáveis, Lula manteve sua condição de protagonista. A tática da vitimização vitaminou a liderança do pajé do PT, guindando sua taxa de intenção de votos para 37%. Inelegível, Lula não poderá usufruir pessoalmente desse patrimônio eleitoral. Mas, no momento, os rumos de 2018 passam pela cadeia de Curitiba.

Consumado o veto do TSE a Lula, o candidato-fantasma dividirá o centro do palco com outra estrela da sucessão: o MSC, movimento dos sem-candidato. Juntos, os eleitores que declaram a intenção de anular o voto ou votar em branco (29%) e aqueles que não informam o nome de sua preferência (9%), reúnem 38% do eleitorado. É mais do que a soma dos dois primeiros colocados no cenário sem Lula: Bolsonaro (20%) e Marina (12%). Esse contingente tem potencial para alterar os rumos da eleição.

De resto, os dados do Ibope revelam que, a escassos 48 dias da eleição, ainda não há no palco um favorito. A campanha já virou assunto nas mesas de boteco. Mas ninguém conseguiu vestir o cobiçado figurino de favorito. Bolsonaro ultrapassou os limites da corporação militar. Contudo, não disparou. Por quê? É o campeão da rejeição: 37% do eleitorado afirmam que jamais votariam no capitão.

Marina está aquém do desempenho de 2014, ainda embolada com Ciro. Alckmin, mais atrás, rumina a expectativa de crescer depois que puder usufruir, a partir de 31 de agosto, do tempo de propaganda eleitoral engordado com a banha tóxica do centrão.

Sem Lula, Haddad aparece com magros 4%, na vizinhança de Alvaro Dias (3%). A lógica indica que o petista tomará o elevador depois que Lula, já na pele de ex-candidato, adotá-lo como seu novo poste —14% dos eleitores dizem que poderiam votar em Haddad se Lula pedisse; 13% afirmam que votariam nele com certeza.

Quer dizer: passados os primeiros debates, as primeiras sabatinas e entrevistas, o jogo continua absolutamente aberto.

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.