UTI desperta ímpeto intervencionista de Mourão
O drama clínico de Jair Bolsonaro gera dois tipos de sentimento. O primeiro é de solidariedade. O segundo, de apreensão. Sua candidatura oferece um bom resumo da fragilidade institucional do país. Enviado ao topo das pesquisas pela raiva do eleitor, Bolsonaro consolida sua liderança mesmo estando na UTI. E a prosperidade eleitoral produziu um racha na microcoligação do paciente.
Há em torno de Bolsonaro dois partidos. O dele é o PSL, Partido Social Liberal. Todos sabem que não é social. E muitos duvidam que seja liberal. A legenda do vice, o general Hamilton Mourão, é o PRTB, Partido Renovador Trabalista Brasileiro. De renovador não tem nada. De trabalhista, muito menos. Bolsonaro é praticamente um candidato avulso.
A campanha de Bolsonaro está, hoje, nas mãos dos filhos civis e do vice militar. Que brigam por espaço. O general Hamilton Mourão acha que deve substituir o capitão-candidato em eventos como debates na TV, por exemplo. Os filhos de Bolsonaro levam o pé à porta. É como se Mourão, adepto da intervenção militar, ensaiasse um golpe contra alguém que ainda nem chegou ao poder. O Brasil não é mais imprevisível. Tornou-se um país tristemente previsível. É como dizia o popeta Cacaso: "Ficou moderno o Brasil, ficou moderno o milagre: a água já não vira vinho, vira direto vinagre."
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