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Josias de Souza

Verba pública que bancou candidatura cenográfica de Lula não foi devolvida

Josias de Souza

18/09/2018 05h57

Até o momento, o PT já gastou em sua campanha presidencial algo como R$ 26 milhões. Dinheiro majoritariamente público. O grosso serviu para cobrir despesas da candidatura-fantasma de Lula. E o partido trata a verba do contribuinte como pasta de dente que deixou o tubo. Não cogita devolver. Incorporou as cifras à contabilidade da campanha do substituto Fernando Haddad. E espera que tudo fique por isso mesmo.

Todos no PT —do porteiro aos dirigentes— sabiam que Lula seria proibido de disputar o Planalto. O partido estava tão ciente de que a Justiça Eleitoral barraria o seu ficha-suja que enfiou na chapa um candidato-laranja: Fernando Haddad. A insistência de Lula em prolongar a polêmica sobre sua falsa candidatura teve o propósito de ludibriar o eleitor.

Sob instruções de Lula, mobilizou-se uma infantaria de advogados para esticar um processo sabidamente inviável. Por quê? A polêmica dava contornos emocionais ao caso, preparando o ambiente para a transferência de votos de Lula para Haddad. As pesquisas sinalizam que o cambalacho pode ser um sucesso.

Se nada for feito, o PT terá atingido o ápice da malandragem perfeita: retirou do bolso do eleitor o dinheiro usado para ludibriar o mesmo eleitor. É como se a verba pública, nas mãos do petismo, fosse dinheiro gratuito.

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.