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Josias de Souza

Haddad é Lula, mas o Planalto não é uma cadeia

Josias de Souza

21/09/2018 20h21

Especialistas sustentam que a personalidade humana fica pronta até os cinco anos de idade. Um portador de dupla personalidade já está feito na infância, mesmo que ainda não tenha desfrutado da chance de ser um poste do PT numa campanha eleitoral. Haddad, o substituto de Lula, tem experiência nesse tipo de transtorno. Ele fundiu sua personalidade à de Lula para chegar à prefeitura de São Paulo. Agora, tenta a sorte como poste federal.

Lula é Haddad, Haddad é Lula, eis o lema da campanha petista. Se o eleitor comprar a tese de que o novo poste é solução para os problemas nacionais, Lula passará à história como eletricista do século. Se o poste for refugado pelo eleitor, o presidiário de Curitiba renovará sua pose de perseguido. Em qualquer hipótese, o segredo do negócio é esconder o fiasco da administração Dilma, a poste-antecessora.

Haddad entrou na corrida presidencial com atraso. Revelou-se uma espécie de Usain Bolt (100 m em 9s68). A diferença é que ele corre com as pernas de Lula. Nos comícios, imita a voz de Lula. No primeiro debate presidencial de que participou, ecoou Lula em 100% das respostas. Se eleito, Haddad irá para Brasília. Lula talvez continue em Curitiba, pois deve ser condenado por Sergio Moro em mais dois processos. Ficará no ar uma dúvida: a sede do governo será no Planalto ou na cadeia?

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.