Na ONU, Temer discursa como um fake estadista
Em plena era da fake news, Michel Temer pronunciou na abertura da sessão de debates da Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, o discurso de um fake estadista (veja a íntegra). Redigida a muitas mãos, a fala baseou-se em verdades paralelas. Acomodaram-se nos lábios de Temer as declarações que convinham ao orador, sem preocupações com o desmentido dos fatos.
O suposto presidente do Brasil declarou coisas assim: "Restauramos a credibilidade da economia". Ou assim: "Devolvemos o Brasil ao trilho do desenvolvimento." Na volta, Temer não pisará apenas o solo brasileiro. Ele devolverá a sola dos sapatos à realidade. Não uma realidade qualquer, mas a rotina de um dos governantes mais abominados do planeta. Sua taxa de desaprovação, medida em pesquisa divulgada pelo Ibope na semana passada, bateu em 90%.
Ou seja: na avaliação de nove em cada dez brasileiros, o Temer que discursou na ONU é uma falsa criatura. O Temer verdadeiro virou sujeito oculto na campanha presidencial. Henrique Meirelles, seu ex-ministro da Fazenda, hoje presidenciável do seu partido, o MDB, trata Temer como lixo hospitalar. Foge do contágio.
O fake Temer soou ainda mais parecido com um estadista nos trechos em que verbalizou ideias abominadas pelo orador que o sucedeu na tribuna, Donald Trump. Na contramão do presidente dos Estados Unidos, Temer defendeu o multilateralismo, criticou o protecionismo e pregou o acolhimento aos refugiados. Seria um belo discurso se os lábios que o pronunciaram merecessem respeito.
O problema de Temer é que tudo virou epílogo na sua biografia depois do grampo do Jaburu. A partir de 1º de janeiro, quando dará posse ao sucessor, Temer será transportado para outro mundo. Nele, não haverá plateias de chefes de estado, mas delegados da Polícia Federal e juízes. Os discursos na ONU serão substituídos por interrogatórios.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.