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Josias de Souza

Renan assume papel de ‘bedel’ de Sergio Moro

Josias de Souza

27/11/2018 06h37

Recuperando-se em casa de uma pneumonia, Renan Calheiros aproveitou o tempo ocioso para assumir no Twitter o papel de bedel de Sergio Moro. Após ler no UOL notícia sobre a decisão do futuro ministro da Justiça de criar duas novas secretarias, Renan escreveu:

"…Vejo com preocupação matéria no UOL dizendo que Moro vai criar secretarias nacionais para delegados por MP (medida provisória) ou decreto regulamentador, sem conversar com o Legislativo. Decreto, só quando a MP vira lei. Decreto Regulamentador sem lei é Decreto-lei!"

Numa segunda mensagem, Renan anotou: "Só para lembrar, o Brasil, pelo Congresso Nacional, foi quem mais avançou no combate à corrupção e organizações criminosas."

Na mesma entrevista em que apresentou os nomes de seus novos auxiliares e os ajustes no organograma de sua futura pasta, Moro contou aos jornalistas que havia telefonado para o presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Pediu ao deputado que retirasse da pauta de votações o mais recente "avanço" legislativo proposto por Renan Calheiros.

Sem citar o nome de Renan —cliente de caderneta da Lava Jato, com 14 processos no Supremo—, Moro criticou o projeto subscrito pelo senador. Prevê alterações legais que suavizam punições e antecipam a saída de presos, inclusive os condenados por corrupção.

"Eu não penso que se resolve o problema da criminalidade simplesmente soltando os criminosos", disse Moro aos repórteres. "Claro que a superlotação é um problema, isso tem que ser trabalhado, mas simplesmente abrir as portas das cadeias não é a melhor solução, na minha opinião, isso tem que ser enfrentado de uma outra maneira."

Rodrigo Maia ficou de consultar os líderes partidários sobre o pedido de adiamento feito por Moro. A intervenção do futuro titular da pasta da Justiça lançou um facho de luz sobre uma proposta que Renan e outros encrencados do Congresso preferiam aprovar na surdina, bem longe dos refletores.

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.