PSL se autoimola em tempo real no WhatsApp
Tancredo Neves, uma das mais felpudas raposas da política nacional, era parcimonioso em suas conversas telefônicas. Deixou para a posteridade um ensinamento valioso: "Telefone serve no máximo para marcar encontro, de preferência no lugar errado." Quando o PSL, partido do novo presidente da República, entra num processo de autocombustão, destruindo-se em tempo real num grupo de WhatsApp, é sinal de que a área do cérebro dos políticos, em franco processo de redução, ficou menor do que a tela de um smartphone.
As notícias sobre o arranca-rabo virtual da bancada federal do PSL inaugura uma nova etapa do jornalismo político objetivo (veja aqui, aqui, aqui e aqui). Antes, os repórteres tinham que se esfalfar para descobrir os meandros de articulações conduzidas por tecelões inescrutáveis. Agora, basta enfiar uma sonda no "grupo da bancada" para verificar que, em política, o que te dizem nunca é tão importante quanto o que escrevem no WhatsApp.
Sob holofotes, Jair Bolsonaro assegura que não meterá o seu bedelho presidencial nas disputas pelo comando das Casas Legislativas. No escurinho da internet, Eduardo Bolsonaro, o filho-deputado, informa que puxa o tapete de Rodrigo Maia por ordem do pai. Detalhista, o operador familiar do capitão justifica a própria camuflagem. "…Se eu botar a cara publicamente, o Maia pode acelerar as pautas-bombas…"
A 24 dias de vestir a faixa presidencial, Jair Bolsonaro viu-se compelido a convocar sua infantaria parlamentar para uma reunião emergencial. Tentará jogar água numa fervura que o filho, em guerra para se tornar líder partidário, contribuiu decisivamente para elevar.
Suprema ironia: um presidente que se elegeu levando a cara à vitrine das redes sociais precisa agora convencer os correligionários a fugir do smartphone. Vivo, Tancredo diria: "WhatsApp serve no máximo para dizer 'bom dia' à família, desde que seu pai não seja o presidente da República."
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