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Josias de Souza

Aécio está sujeito a tudo, só PSDB não faz nada

Josias de Souza

11/12/2018 15h22

Todos os partidos abrigam pecadores, menos o PSDB. Na legenda do bico grande, todos são inocentes e todos são cúmplices. Nesta terça-feira (11), caiu uma nova chuva de canivetes sobre a reputação de Aécio Neves. Mas o tucanato, já bem retalhado, não abre mão de continuar abraçado ao seu martírio.

Munidos de autorização do ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo, agentes federais deram batidas de busca e apreensão nos endereços de Aécio, da irmã Andréa Neves e do primo Frederico Pacheco. Espanto! Num inquérito que envolve outros parlamentares, apuram-se os crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e formação de organização criminosa. Pasmo!!! Aécio frequenta os autos como beneficiário de propinas de R$ 110 milhões do grupo J&F. Estupefação!!!

A notícia chega num instante em que o PSDB está mergulhado na pior crise de sua história. Aécio não é a única causa. Mas representa a face mais fluorescente do apodrecimento do ninho. Coleciona nove processos criminais. Além de sua milionária degenerescência, há os R$ 10 milhões que a Odebrecht diz ter borrifado na caixa das campanhas de Geraldo Alckmin e os R$ 23 milhões que a empreiteira de Emílio e Marcelo Odebrecht sustenta ter despejado nas arcas eleitorais de José Serra. Tudo isso e mais a cana de Eduardo Azeredo, condenado no mensalão mineiro.

Tomado pela vocação para passar a mão na cabeça de malfeitores, o PSDB ficou muito parecido com o PT. A diferença é que tem menos votos. É como se o tucanato entrasse voluntariamente numa máquina do tempo para retornar ao berço do PMDB, a legenda pegajosa da qual Franco Montoro, Mario Covas e Fernando Henrique Cardoso fugiram no ano de 1988 para fundar um partido limpinho.

Hoje, se Deus percorrer as manchetes em que Aécio Neves está novamente pendurado de ponta-cabeça e exigir do PSDB que faça uma opção entre a solidariedade ao filiado tóxico e a recuperação da imagem de decência, o tucanato dará uma resposta acachapante: "Morra a decência!"

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.