Eleitor brasileiro entra em 2019 chutando a porta
Na política, o ano de 2018 foi marcado pelo fim do brasileiro cordial. O sistema político fez o eleitor odiar sua própria passividade. Exausto de ser cavalgado por políticos cuja principal virtude é o cinismo, o eleitor assumiu as rédeas. E acionou a espora. Com uma fome convulsiva de limpeza, o brasileiro saiu da posição de vítima que reclama e assumiu o papel de protagonista que reage contra um ataque —no caso da política nacional, um ataque de desfaçatez.
Pode-se dizer que 2013, quando o asfalto começou a roncar, foi o ano em que o brasileiro caiu em si. Em 2018, com atraso de cinco anos, veio a metabolização. O metabolismo, como se sabe, é o conjunto de transformações químicas e biológicas que produzem a energia necessária ao funcionamento de um organismo. A sociedade brasileira extraiu do apodrecimento da política, exposto na vitrine da Lava Jato, a energia para se mover.
A renovação do Congresso, as surpresas verificadas em alguns Estados e, sobretudo, a eleição de Jair Bolsonaro são tentativas de reação contra a podridão. O apodrecimento foi suprapartidário. A lama arrastou Lula, Aécio, Dilma, Temer, o diabo. As urnas de 2018 forneceram a resposta de quem ficou furioso com os defeitos da democracia —das tentativas de blindagem de corruptos à ineficiência dos serviços públicos.
A fúria não costuma levar à perfeição. O triunfo de Bolsonaro se deve menos às qualidades do novo presidente e mais aos defeitos do sistema. E não se sabe qual será o resultado das novidades enviadas ao Congresso. De modo que o Ano Novo pode ter um quê de velho. E talvez não seja tão próspero, pois o estrago foi grande e o conserto não virá do dia para a noite. Seja como for, o brasileiro entra em 2019 do jeito que escolheu. Já não bate à porta. Chuta. Aprendeu a fazer política com o pé. Desejo a você um 2019 de prósperos pontapés.
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