Brumadinho expõe refinamento da incompetência
Na tragédia de Brumadinho, o brasileiro observa da pior maneira possível o refinamento, o cuidado, o extremo acabamento e o custo com que, no Brasil, se exerce a incompetência. No momento, os administradores do desastre se esforçam para atenuar o desespero da plateia. Junto com o mar de lama, encosta no noticiário uma onda de remorso coletivo.
A mineradora Vale promete que suas barragens terão um "colchão de segurança" jamais visto. Autoridades de Minas Gerais e de Brasília acenam com leis mais rigorosas e fiscalizações implacáveis. Tudo isso deveria ter sido feito depois do estouro da barragem de Mariana, há três anos e dois meses. Mas os gestores do descalabro anterior cuidaram de fazer o pior da melhor maneira possível.
Numa auditoria de 2016, o Tribunal de Contas da União concluiu que Mariana foi o resultado de uma incapacidade crônica no setor de fiscalização do Departamento Nacional de Produção Mineral, o DNPM. O TCU alertou para "o risco latente e potencial de novos acidentes envolvendo barragens de rejeitos de mineração." O que fez o governo? Rebatizou o DNPM. Hoje, na esfera federal, a incompetência tem outro nome: Agência Nacional de Mineração.
Mudaram também os protagonistas da crise. A Vale tem nova direção. Há governantes recém-eleitos em Minas e Brasília. Todos falam sobre o inaceitável com uma ponta de remorso alheio. Prometem por pressão o que os antecessores deixaram de fazer por opção. O conta-gotas macabro da tragédia de Brumadinho informa que o remorso chega quando já não adianta mais para uma legião de mortos. A incompetência, quando exercida de forma tão competente, mata.
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