Após felicitar Renan, Bolsonaro liga para rivais
A reunião da bancada de senadores do MDB mal havia terminado quando Jair Bolsonaro tocou o telefone para Renan Calheiros. Felicitou-o pela vitória contra Simone Tebet, que fez dele o candidato oficial da legenda à presidência do Senado. Com a velocidade de um raio, Renan espalhou a notícia. Bolsonaro irritou-se. Contava com a discrição do interlocutor. Para não ficar mal, pôs-se a telefonar para os rivais de Renan, entre eles seu principal desafeto, o tucano Tasso Jereissati, e o preferido do ministro Onyx Lorenzoni (Casa Civil), o correligionário Davi Alcolumbre, do DEM.
Renan esforçava-se nos últimos dias para encostar suas pretensões no governo de Bolsonaro. Velho aliado do PT, o senador do MDB precisa dos votos do bloco governista, cujo DNA é antipetista. Nesse contexto, o telefonema do presidente foi recebido como um presente. Detalhista, Renan mandou vazar que, além de ligar, Bolsonaro convidou-o para uma reunião, na semana que vem. Ficou entendido que o capitão dá como favas contadas a vitória do coronel da política alagoana.
Internado no hospital Albert Einstein, Bolsonaro recebeu ordens médicas para fechar a matraca, como se diz. O silêncio evita a formação de gases no abdômen do recém-operado. Porém, a indiscrição de Renan obrigou o paciente a mover os lábios mais do que desejaria. Bolsonaro explicou aos adversários que o telefonema para Renan não se confunde com apoio. Reiterou a intenção de não se envolver na disputa. Disse que deseja dialogar com o eleito, seja quem for.
Para não deixar dúvidas, o paciente do Eisntein desperdiçou parte do seu repouso noturno para pendurar no Twitter um par de notas. Numa, escreveu: "Procuramos diplomaticamente fazer contato com os candidatos, desejando-lhes boa sorte." Noutra, tentou vacinar-se: "Qualquer tentativa de desvirtuar o papel institucional do governo diante desses fatos é desprovida de boa-fé e de profissionalismo."
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