Renan e rivais guerreiam: voto aberto ou secreto?
Arma-se nos bastidores do Senado uma guerra regimental que deve eletrificar o plenário nesta sexta-feira (1º), dia em que será eleito o novo presidente da Casa. De um lado, Renan Calheiros. Do outro, todos os seus rivais. No centro, a interrogação que provoca o estalar de lanças: voto secreto ou voto aberto?
Dono de uma imagem intoxicada pelos processos criminais que protagoniza no Supremo Tribunal Federal, Renan guerreia pelo voto secreto. Receosos de que a sombra favoreça a recondução do senador alagoano à poltrona de presidente pela quinta vez, seus rivais tentam forçar o plenário a acender a luz. Por ora, Renan mede forças com outros nove candidatos.
Será uma guerra com um par de batalhas. A primeira envolve a escolha do senador que presidirá a eleição. Renan sustenta que deve ser o aliado José Maranhão (MDB-PB), adepto do voto secreto. Seus antagonistas argumentam que o comando da sessão deve ser exercido por Davi Alcolumbre (DEM-AP), entusiasta do voto aberto.
Os dois lados esgrimem seus argumentos. Alcolumbre, ele próprio candidato ao comando do Senado, entrou na briga por ser o único membro da atual Mesa Diretora a migrar para a nova legislatura. Renan e sua tropa alegam: 1) Alcolumbre é um "reles" terceiro suplente da Mesa; 2) Seus "parcos" poderes acabam junto com a velha legislatura; 3) Não teria isenção, pois é candidato à presidência; 4) Cabe ao senador mais velho —Maranhão, 85— comandar a eleição do presidente.
Do resultado da primeira batalha depende o desfecho do segundo combate. Os adversários de Renan apresentarão requerimento (questão de ordem) para que o plenário decida sobre o tipo de voto. Se estiver no comando, Alcolumbre colocará o pedido em votação. Se o condutor for Maranhão, a peça vai ao arquivo sob o argumento de que o voto secreto está previsto no regimento interno do Senado.
Para evitar surpresas, Renan age para que o presidente não-reeleito do Senado, Eunício Oliveira, deixe como última obra do seu mandato um roteiro da sessão inaugural. Nele, ficaria definido que a presidência dos trabalhos caberia ao senador mais idoso (pode me chamar de José Maranhão).
Antes de chegar ao plenário, Renan terá de confirmar seu propalado favoritismo dentro do MDB. Dono da maior bancada do Senado, o partido reúne-se nesta quinta-feira (31) para escolher o seu representante na briga pelo comando do Senado. Simone Tebet (MDB-MS) disputa a posição com o oligarga alagoano. Ela defende o voto aberto.
Se os senadores, num improvável surto de transparência, optassem pelo voto aberto, a plateia ganharia um inédito posto de observação. Em vez de espiar a orgia das conjunções políticas impudicas através das frinchas que o noticiário consegue cavar no concreto do prédio de Niemeyer, o brasileiro assistiria do alto de um metafórico telhado de vidro à exposição de votos no painel eletrônico.
Na política, nenhum detergente lava mais branco do que a luz solar. Daí tanto apreço pelo voto secreto. Pelo menos três partidos anunciam a intenção de alardear seus votos no microfone seja qual for o desfecho das batalhas regimentais: PSDB, PSD e Rede. Juntos, somam 18 senadores num colégio de 81.
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