Na Previdência, Bolsonaro cede antes da hora
No processo de formatação da reforma da Previdência, o governo comete um grande acerto e um erro primário. Deve-se o acerto à equipe econômica. O erro é coisa de Jair Bolsonaro. O time do ministro Paulo Guedes, da Economia, acerta ao aprender com os erros cometidos pela gestão de Michel Temer. Bolsonaro tropeça ao sinalizar a intenção de suavizar a proposta antes mesmo de abrir negociação com o Congresso.
Um detalhe facilita o mapeamento dos erros da gestão Temer: ao assumir a pasta da Economia, Paulo Guedes acomodou no seu Posto Ipiranga mão de obra gabaritada que serviu ao governo anterior. Incorporou também à nova equipe o ex-deputado tucano Rogério Marinho, atual secretário de Previdência e Trabalho.
Marinho e os técnicos egressos da gestão Temer conhecem as cascas de banana que foram jogadas no caminho da reforma da Previdência. E tentam mudar de calçada. Buscam regras capazes de neutralizar o discurso de que a reforma pune os pobres. Para deixar claro que a distribuição de sangue, suor e lágrimas é equânime, colocam os militares na roda. Contra a tese de que há muitos ralos na Previdência, enviou-se ao Congresso uma Medida Provisória anti-fraudes. De resto, elaboram-se medidas contra os sonegadores.
O tempo dirá se essas tentativas de saltar armadilhas conhecidas vão funcionar. A única certeza disponível, por ora, é a seguinte: quando a saúde permitir, Bolsonaro injetará um erro na largada da reforma. Sua equipe econômica gostaria de impor uma idade mínima de aposentadoria igual para homens e mulheres: 65 anos. Nessa hipótese, os congressistas exigiriam mais flexibilidade. E Bolsonaro, magnânimo, cederia. Mas o presidente cogita de antemão baixar a idade mínima dos homens e reduzir ainda mais a das mulheres.
Com quase 30 anos de experiência parlamentar, o capitão já deveria ter aprendido uma lição: no Congresso, quem entrega os pontos no início de uma negociação arrisca-se a ficar na posição do jogador que levanta da mesa de pôquer sem dinheiro para o táxi.
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