Lama e caixões tornam defesa da Vale ofensiva
O presidente da Vale , Fábio Schvartsman, estreou num palco legislativo. Tentou explicar-se numa audiência realizada na Câmara. Fez declarações típicas de um executivo empenhado na defesa de sua empresa. Coisas assim: "A Vale é uma das melhores empresas que eu conheci da minha vida. É uma joia brasileira, que não pode ser condenada por um acidente que aconteceu em sua barragem, por maior que tenha sido a tragédia."
Noutras circunstâncias, a tentativa de Schvartsman de lustrar a logomarca que lhe paga os salários seria vista como algo natural. Porém, a reedição de Mariana e os 321 cadáveres de Brumadinho, 155 dos quais ainda desaparecidos, transformam qualquer ensaio de defesa da Vale numa ofensa. Não pode ser condenada? Espanto! Acidente? Estupefação. O doutor ainda não notou, mas o excesso de caixões e de lama ofuscaram o brilho da "joia" da mineração.
"Continuamos sem saber os motivos que causaram o acidente", declarou Schvartsman a certa altura. "Todas as informações que nós possuíamos e que foram enviadas pelos técnicos demonstravam que não havia qualquer perigo iminente sobre aquela barragem (de Brumadinho) e que não havia qualquer razão de alarme ou de preocupação maior da gestão da companhia." Hã?!?!? Ainda não conhecem as causas?
A essa altura, Fábio Schvartsman já não consegue assegurar nem a permanência da própria cabeça no alto do pescoço. Converteu-se numa substituição esperando para acontecer. Seu excesso de eficiência e seu acúmulo de boas intenções revelaram-se inutilidades a serviço da tragédia. Diante de um quadro assim, o melhor a fazer é evitar o malabarismo verbal, o trapezismo retórico e o ilusionismo administrativo. Do contrário, ficará a impressão de que a Vale deseja transformar os brasileiros em palhaços.
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