Adesão a manifesto sinaliza fragilidade de Dodge
Há nos quadros do Ministério público Federal 1.151 procuradores da República. Desse total 619 (53,7%) aderiram ao manifesto que acusa Raquel Dodge de propor mudança "radical e pouco debatida" na estrutura do órgão. Uma transformação que "concentra nas mãos da cúpula da instituição um enorme poder" e cria condições, segundo o manifesto, para a "existência de procuradores da República biônicos".
Conforme já noticiado aqui, o documento foi idealizado no último domingo e aberto a adesões na segunda-feira. Chama-se "Manifesto em Defesa da Independência Funcional do Ministério Público Federal". Nesta quinta-feira, os idealizadores da peça deram por encerrada a coleta de subscrições.
Ou seja, atingiu-se a maioria absoluta em apenas quatro dias. O texto e o abaixo-assinado foram formalmente remetidos para Raquel Dodge pelo subprocurador-geral da República Mario Luiz Bonsaglia, um dos signatários. Pressionando aqui, você chega à íntegra do documento e à lista final com os nomes dos apoiadores.
A adesão rápida e maciça ao manifesto potencializa a impressão de que Raquel Dodge vai se tornando uma procuradora-geral minoritária na instituição que supostamente comanda. Afora a aversão ao projeto que cria núcleos de procuradores para cuidar de "problemas crônicos ou de alta complexidade", Dodge lida com uma demanda sindical pelo pagamento de gratificação por "acúmulo de função". Coisa de R$ 4,3 mil por mês. O suficiente para repor o auxílio-moradia que deixou de ser pago no final de 2018.
Nas últimas semanas, ficou muito fácil identificar um procurador da República nas rodinhas de bate-papo. É o que estiver espinafrando Raquel Dodge. Ou reivindicando a gratificação. Ou as duas coisas. Tudo isso ocorre a sete meses do final do primeiro mandato de Raquel Dodge à frente da Procuradoria. Se quiser, ela pode reivindicar a recondução ao posto. Resta saber se colecionará apoios para conquistar uma colocação na lista tríplice que a corporação enviará a Jair Bolsonaro.
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