Bolsonaro lida com a ética em duas velocidades
O ex-ministro palaciano Gustavo Bebianno e o ministro do Turismo Marcelo Álvaro Antônio estão encrencados no mesmo escândalo do laranjal do PSL. Ao demitir Bebianno sem conseguir explicar as razões, Jair Bolsonaro revelou-se intelectualmente lento. Ao manter Marcelo Antônio no cargo sem que ele ofereça boas explicações, o presidente revela-se eticamente ligeiro.
As duas velocidades de Bolsonaro são insultuosas. A lentidão intelectual afeta a própria autoridade do presidente, pois prevalece a versão segundo a qual Bebianno foi demitido pelo filho-pitbull Carlos Bolsonaro. A ligeireza moral transforma em suco o discurso ético do presidente, que prometera honrar os eleitores que lhe deram votos no pressuposto de que ele saciaria a fome de limpeza que está no ar.
Descobre-se agora que o ministro do Turismo recorreu ao Supremo Tribunal Federal para trancar a investigação aberta contra ele pelo Ministério Público de Minas Gerais, transferindo-a para Brasília. Difícil saber o que é mais constrangedor, se a chuva de laranjas que cai sobre a cabeça do ministro ou a tentativa de se refugiar embaixo da marquise do foro privilegiado.
Se quisesse ser levado a sério, Bolsonaro demitiria o ministro do Turismo. Impossível tolerar um auxiliar que se diz inocente e foge da investigação que poderia livrá-lo da suspeição. Mas Bolsonaro está de mãos atadas. Seu ministro não fez senão repetir os passos do filho mais velho do presidente, senador Flávio Bolsonaro, que também tentou trancar no Supremo a investigação estadual sobre os achados do Coaf e o laranjal do ex-faz-tudo Fabrício Queiroz.
A esse ponto chegamos: ao manter o ministro do Turismo no cargo, Bolsonaro flerta com o escárnio. Se mandar o ministro para o olho da rua por ter imitado seu filho, o capitão se transformará no caso raro de uma piada que ocupa a Presidência da República.
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