Quando Maduro morde, deixa mal alguém no Brasil
Cada vez que Nicolás Maduro dá uma de cachorro louco constrange alguém no Brasil. Quando a Venezuela fecha suas fronteiras para evitar a entrada de ajuda humanitária, o PT precisa explicar por que é amigo do ditador. E o governo Bolsonaro fica devendo uma justificativa qualquer para o fato de ter empurrado o Brasil para a incômoda posição do gigante regional que abdicou de sua relevância para se tornar um asterisco diplomático a reboque dos Estados Unidos.
Ironicamente, Maduro macaqueia um comportamento comum entre os presidentes americanos. O sucessor de Hugo Chávez guia-se pela máxima segundo a qual a melhor maneira que um presidente tem de unir a nação em seu apoio é declarar guerra a outro país. Nada funciona melhor para resolver as divisões internas dos Estados Unidos do que o ataque a um inimigo externo. A fórmula não serve, porém, para a Venezuela de Maduro.
Sem condições financeiras e técnicas de ordenar bombardeios contra Washington ou Brasília, o ditador dedica-se a assassinar o seu próprio povo. Faz isso ao impedir a entrada de comida e remédios que salvariam a vida de venezuelanos em situação de desespero. Inibe, de quebra, a fuga dos desesperados para países vizinhos como o Brasil e, sobretudo, a Colômbia.
No caso do PT, o mais constrangedor não é a ausência de um pedido de desculpas da presidente da legenda, Gleisi Hoffmann, por ter prestigiado a posse do cachorro doido. Mais embaraçoso do que o silêncio de Gleisi é a ausência de barulho dos seus companheiros. Ao calar, o petismo transforma a aliança de sua presidente com o doido num processo de desmoralização do partido.
No caso do governo Bolsonaro, o que mais incomoda não é a estridência, mas a ineficiência de suas posições contra Maduro. O mal de as pessoas entrarem numa briga latindo no mesmo tom do cachorro louco é o pessoal que observa de longe não distinguir quem é quem. Por sorte, Bolsonaro prepara uma visita aos Estados Unidos. Decerto voltará com boas orientações de Donald Trump, uma sensata criatura.
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