Lava Jato não inibe volta da ala podre ao balcão
Aos pouquinhos, vai se dissipando aquela sensação benfazeja de que as urnas de 2018 conduziriam a política brasileira para uma fase menos cínica. Dois movimentos simultâneos revelam os perigos a que o Brasil continua sujeito. Num, a Lava Jato traz à luz novos sinais de apodrecimento da oligarquia político-empresarial. Noutro, o governo de Jair Bolsonaro negocia a reforma da Previdência num balcão que atrai um pedaço da banda podre do sistema partidário.
Notícia do jornal O Globo revelou detalhes da delação de oito ex-executivos do departamento de propinas da OAS. Entre 2010 e 2014, a empreiteira distribuiu R$ 125 milhões em propinas e verbas de caixa dois a 21 políticos de oito partidos. Alguns já estão presos. Mas outros acabam de renovar mandatos velhos ou obter mandatos novos. Eles vagueiam pelos corredores do Congresso. Procuram oportunidades de negócio como se nada tivesse sido descoberto sobre eles.
Isso tudo acontece num instante em que a plateia, já meio de saco cheio, começa a enxergar a Lava Jato como um assunto chato. E a oligarquia, ferida, joga com o relógio. O cansaço produzido pelas investigações já havia anestesiado as ruas. O último suspiro do brasileiro foi o voto de 2018. Agora, até as redes sociais parecem sedadas. Tudo foi reduzido a uma guerra de esquerda e direita, quando o problema é saber quem está por cima e quem continua por baixo.
O pacote anticrime organizado e anticorrupção de Sergio Moro já foi desossado. Tiraram dele a criminalização do caixa dois, acomodada num projeto separado, mais fácil de ser esquecido. O que sobrou foi enviado para o fundo da loja. Alega-se que só há espaço na vitrine para a reforma da Previdência. Vital para o governo, o projeto previdenciário tornou-se, ele próprio, uma oportunidade de negócios. Tem-se a incômoda sensação de que a banda podre sempre vence no Brasil.
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