Ao liberar Lula, a Lava Jato se redime de um erro
Um acerto raramente pode ser melhorado. Mas um erro sempre pode ser piorado. Os executores da pena de Lula erraram dramaticamente ao indeferir, no final de janeiro, o pedido do presidiário petista para velar o corpo do irmão Genivaldo Inácio da Silva, o Vavá. Quis o destino que Lula amargasse a morte do neto Arthur Araújo Lula da Silva, de 7 anos. Num mundo em que há tantos erros novos por cometer, a Lava Jato, a Polícia Federal e a juíza que cuida da execução da pena de Lula, Carolina Lebbos, tiveram o bom senso de não cometer novamente um erro velho.
A liberação de Lula para se despedir do neto morto respeitou o ordenamento jurídico e os valores civilizatórios. A Lei de Execuções Penais autoriza os presos a deixarem o cárcere para comparecer, mediante escolta policial, a velórios e enterros de parentes próximos. Os mais elementares sentimentos humanitários indicam que nem um robô negaria a um avô autorização para lançar um último olhar sobre a face de um neto.
Há nas redes antissociais uma pregação ideológica que confunde cumprimento de pena com vingança. Nesse ambiente, a liberação de Lula é tratada como um privilégio hediondo. Erro. Os arquivos do Departamento Penitenciário Nacional armazenam informações sobre o cumprimento da lei. Os dados mais recentes são de 2015. Naquele ano, 175.325 detentos deixaram suas celas para sepultar parentes.
Portanto, trata-se de um direito. Todo o resto é desumanidade. Ou tolice, como a manifestação do deputado Eduado Bolsonaro (PSL-SP), que escreveu no Twitter coisas assim: "Absurdo até se cogitar isso, só deixa o larápio em voga posando de coitado." Normalmente, gente que extrai suas manifestações do fígado não perde a oportunidade de perder uma oportunidade.
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