Segurança de Onyx não tem amparo na Câmara
Na saída de um encontro com Jair Bolsonaro, no Palácio da Alvorada, o ministro Onyx Lorenzoni disse aos repórteres nesta terça-feira gorda: "Estamos muito seguros da nova Previdência que apresentamos ao Congresso". Faltou informar de onde vem a segurança do chefe da Casa Civil da Presidência. Não vem da Câmara. Ali, o centrão arma novas emboscadas para demonstrar ao governo que, embora seja a favor de tudo, pode ser visceralmente contra qualquer coisa se suas "demandas" não forem atendidas.
Trama-se para a semana que vem, por exemplo, a aprovação de requerimento convocando o ministro Ricardo Vélez Rodrígues (Educação) para explicar na Câmara as penúltimas polêmicas em que se meteu. O constrangimento serve para informar a autoridades confiantes como Onyx que a segurança do Planalto está condicionada à eficiência do balcão.
O governo já se rendeu à distribuição de verbas orçamentárias. Criou, de resto, o que Onyx chama de "banco de talentos", eufemismo para o rateio fisiológico de cargos. Mas o centrão e suas adjacências exigem que a coisa evolua do gogó para a prática.
Há no Congresso uma clara propensão para aprovar a reforma previdenciária de Bolsonaro com ajustes. A tranquilidade de Onyx parece escorar-se nessa tendência. "Agora tem aquela fase de passar pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), depois pela comissão especial e aí virão os ajustes que o Parlamento deverá fazer", afirmou o ministro, na entrevista desta terça.
Onyx esqueceu de explicar que o governo não dispõe dos 308 votos de que precisa na Câmara. Omitiu que, para obtê-los, terá de administrar os humores dos potenciais aliados do Planalto. Hoje, esses aliados vivem uma fase de faltas e de excessos. Falta recato, coesão e afinidade. Há um excesso de despudor, cobiça e chantagem. Num ambiente assim, o governo pisa em solo firme como areia movediça. Difícil saber de onde vem a segurança de Onyx.
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