Surge Araujismo, versão tropical do Macarthismo
Surgiu em Brasília, no Ministério das Relações Exteriores, o Araujismo. É uma versão tropical do Macarthismo. Assim como Joseph McCarthy deu nome à era que, entre os anos 40 e 50, obrigou muitos talentos dos Estados Unidos a viverem na semiclandestinidade no seu próprio país, o chanceler Ernesto Araújo personifica no Itamaraty uma caça às bruxas que constrange a diplomacia brasileira.
O Machartismo era uma inquisição anticomunista, que enxergava almas soviéticas enterradas dentro de americanos de aparência supostamente normal. Vivia-se, então, sob a lógica bipolar da Guerra Fria. O Araujismo é menos lógico e mais complexo. Trata-se de um movimento pós-globalista e pré-falimentar. Vinha produzindo vítimas na surdina desde janeiro. Mas começa a perder o recato.
O embaixador Paulo Roberto de Almeida foi exonerado pelo chanceler Ernesto Araújo do cargo de presidente do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais. O afastamento se deu depois que Paulo Roberto republicou num blog pessoal artigos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e do ex-ministro Rubens Ricúpero com críticas ao Itamaraty. Ele reproduziu também artigo do próprio chanceler Araújo rebatendo os textos de FHC e Ricúpero. Fez um convite à reflexão.
A assessoria de Ernesto Araújo alegou que a cabeça de Paulo Roberto foi à bandeja porque a maioria das chefias do Itamaraty está sendo trocada. Esse processo de troca de chefias acontece sem muita explicação, porque o caçador de bruxas não precisa explicar nada. Basta apontar o dedo e exclamar: "É uma bruxa, substituam." Noutros países, a caça às bruxas caiu em desuso. Ou no ridículo. No Ministério das Relações Exteriores do Brasil, ela está em expansão. O Araujismo cresce na proporção direta do apequenamento da diplomacia brasileira. Quem é diplomata e tem opinião própria, começa a se abaixar para fugir do dedo do caçador de bruxas.
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