Eduardo Bolsonaro chama de ‘épico’ o encontro que seu pai terá com Trump
Jair Bolsonaro fará uma visita de três dias aos Estados Unidos —de 17 a 19 de março. O ponto alto da viagem será uma reunião com Donald Trump. O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho 'Zero Três' do presidente, deu uma ideia das expectativas da família Bolsonaro: "Será um encontro épico entre duas nações que sempre foram muito próximas, mas que nos últimos governos foram separadas devido a uma sanha ideológica que já se mostrou falida por onde passou", escreveu ele no Twitter.
Nas palavras de um auxiliar do presidente, a reunião será "oportunidade para que Bolsonaro e Trump, siameses do ponto de vista ideológico, sacramentem uma relação especial já esboçada em declarações de parte a parte." Em termos práticos, prioriza-se a costura de acordos de cooperação militar. Entre eles o que prevê a participação de forças americanas no uso da base de Alcântara, no Maranhão. Dá-se de barato também que o Brasil eliminará a exigência de visto para cidadãos americanos. Sem exigir contrapartida.
Épico, como se sabe, evoca a ideia de epopeia, de ações heroicas, resultantes de esforços homéricos. Eduardo Bolsonaro alega, com uma dose de razão, que os governos petistas afastaram-se de Washington por razões ideológicas. Mas não é por pragmatismo que o novo governo se aproxima dos Estados Unidos. A exemplo do petismo, Bolsonaro também é movido à base de ideologia.
Na diplomacia, a ideologia é o caminho mais longo entre um projeto e sua realização. Nesse campo, o contrário do antiamericanismo primário do PT é o pró-americanismo inocente de Bolsonaro, sua prole e o chanceler Ernesto Araújo. Num ambiente assim, contaminado pelo fanatismo, o mito periférico tende a ser engolido pelo mito da potência.
Não faz o menor sentido que o Brasil trate os Estados Unidos na base do ponta-pé. Mas faz menos sentido ainda tratar como "épico" um simples encontro de trabalho. Nesse ritmo, os pró-americanos ingênuos vão acabar convencendo Pequim, por exemplo, de que Brasília prefere a submissão ideológica a Washington ao relacionamento comercial superavitário que mantém com a China.
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