Líderes questionam otimismo de Paulo Guedes
Ex-ministro da Fazenda e do Planejamento, o ecomomista Mário Henrique Simonsen (1935-1997) dizia que "o brasileiro só é otimista entre o Natal e o Carnaval." Vivo, ele se surpreenderia com o otimismo exibido pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. Em entrevista posterior à Quarta-Feira de Cinzas, Guedes estimou que faltam apenas 48 votos para assegurar a aprovação da reforma da Previdência na Câmara. Ouvidos pelo blog, dois líderes de partidos conservadores disseram que a contabilidade do ministro está furada.
Guedes falou ao Estadão. Disse que o governo dispõe de um mapeamento dos votos. Nele, 160 deputados foram lançados no rol dos que já disseram publicamente que apoiarão a reforma. Outros 100 teriam sinalizado a intenção de votar a favor. Como o Planalto precisa de 308 votos para prevalecer no plenário da Câmara, faltariam 48 adesões para atingir o número mágico. "Aconselho o ministro a rasgar o mapa que lhe forneceram", disse um dos líderes que conversaram com o repórter. "No momento, qualquer previsão sobre o placar da Previdência será sólida como vapor", declarou o outro.
Os parlamentares mencionam uma trinca de razões para desacreditar os números de Guedes:
1) Falta de consenso: Ainda que existissem 260 deputados decididos a aprovar ou propensos a votar a favor, seria impossível prever que Previdência sairia do plenário da Câmara, pois "cada parlamentar tem uma reforma particular na cabeça". O próprio Paulo Guedes afirma que uma reforma que resulte em economia inferior a R$ 1 trilhão em uma década não resolve o problema. Hoje, seria "impossível garantir essa cifra."
2) 'Colchão de segurança': Folga no placar: "Qualquer articulador político de meia-tigela sabe que não se deve levar uma proposta de emenda constitucional ao plenário sem uma folga superior a 20 votos." Do contrário, Bolsonaro se arrisca a "repetir o fiasco ocorrido no governo de Fernando Henrique Cardoso, quando o Planalto perdeu por um voto a votação da redução da idade mínima para aposentadoria." Ou seja: mesmo que as contas de Guedes estivessem certas —"e elas não estão"— faltariam ao governo não 48 votos, mas "pelo menos 68, para assegurar o colchão de segurança de 20 votos."
3) Acerto com partidos: Embora exista boa vontade do Legislativo, a aprovação de medidas duras exige "compromissos mais estáveis do governo com os partidos." E Bolsonaro ainda não ofereceu "garantias de que deseja compartilhar sua administração com apoiadores." Além de cargos e verbas, deseja-se que o presidente demonstre disposição real de "dividir com seus parceiros no Congresso eventuais dividendos políticos" que supostamente decorreriam da aprovação da reforma.
Neste sábado (9), o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, esteve com Bolsonaro no Palácio da Alvorada. Falaram sobre a instalação, na quarta-feira, da Comissão de Constituição e Justiça, primeira escala da tramitação da reforma. Conversaram também sobre a ansiedade com que os partidos aguardam pelo início do rateio dos cargos federais nos Estados. O presidente deu sinal verde para a coleta dos nomes.
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