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Josias de Souza

Para Vélez, a mídia deveria ‘torcer pelo governo’

Josias de Souza

15/03/2019 20h56

Ricardo Vélez Rodrígues precisou de apenas dois meses e meio para transformar o Ministério da Educação numa usina de trapalhadas. Mas acredita que o problema está no noticiário, não no caos que se observa ao seu redor. O ministro escreveu no Twitter que a mídia, podendo "torcer pelo sucesso do governo", prefere "manchetes escandalosas".

Na sua trapalhada mais ofensiva, Vélez declarou que brasileiros em viagem "roubam coisas dos hotéis e o assento salva-vidas do avião", comportando-se como "canibais". Pediu desculpas. Na mais constrangedora, enviou carta às escolas recomendando que as crianças fossem filmadas cantando o hino nacional. Recuou. Na confusão mais ruinosa, Vélez terceirizou o MEC ao polemista Olavo de Carvalho, que define desde os EUA quem cai e quem sobe no organograma da pasta.

Já se sabia que Vélez converteu-se numa espécie de ex-ministro no exercício do cargo, uma demissão esperando na fila para acontecer. Com o post em que cobra a conversão dos jornalistas em torcedores, o personagem dá a entender que abdicou do ministério para tentar a sorte como piada. Descerá ao verbete da enciclopédia não como ex-ministro, mas como a primeira anedota da história a passar pela poltrona de ministro da Educação.

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.