Com a mãe no meio, Brasília se torna mais nítida
Brasília vive dias muito estranhos. É como se os atores políticos tivessem notado que estavam fora de suas marcas e procurassem desesperadamente o seu lugar no palco. Há quase cem dias que o papel de oposição vinha sendo desempenhado por Jair Bolsonaro e seus filhos. Aliás, com muita competência. Quando se imaginava que a oposição tivesse desistido da vida nacional, ela foi finalmente localizada na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara.
A oposição reapareceu na audiência pública sobre reforma da Previdência, com o ministro Paulo Guedes. O problema é que a bancada do PT, pedaço mais estridente da oposição, parece ter viajado no túnel do tempo. Faz barulho como se estivesse na década de 90, época em que o PT ainda estalava de pureza moral. O ministro da Economia não teve dificuldade para lidar com o PT. Tirou o partido do sério ao recordar o que o petismo fez nos verões passados, quando foi governo.
O problema de Paulo Guedes foi a ausência de uma tropa de choque governista na audiência da Comissão de Justiça. O papel do ministro era apenas o de dar explicações técnicas. Mas o pedaço do elenco que cuidaria do enfrentamento político se recusou a entrar em cena. Ocupado em fazer oposição a si mesmo, Bolsonaro tinha esquecido de acertar o cachê do centrão. Só agora está cuidando disso.
A coisa ainda está meio confusa em Brasília. Mas a tendência é de que tudo fique mais claro nas próximas semanas. Os atores ajeitam a peruca e escolhem o melhor nariz. Estão em trânsito, prestes a encontrar suas posições corretas no palco. Bolsonaro já não precisa acumular os papeis de Lobo Mau e Chapeuzinho Vermelho.
Na Comissão de Justiça, o PT tachou o governo de tchutchuca do pedaço mais rico da sociedade. E Paulo Guedes, num timbre de tigrão, explicou para o deputado Zeca, o filho do condenado José Dirceu, que "tchutchuca é a mãe". Quando a mãe entra na dança, o espetáculo piora. Mas fica mais nítido.
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