Governo mal começou e já pede reforma ministerial
Uma pessoa que não sabe nadar não se afoga por cair na água. Ela morre afogada por permanecer lá. Prestes a completar cem dias na Presidência, Jair Bolsonaro comanda uma equipe ministerial que clama por uma reforma. É isso mesmo. O governo mal começou e já convive com a necessidade de uma reforma ministerial. Um pedaço do ministério naufraga num mar de incompetência e suspeição. Como Bolsonaro demora a promover substituições que parecem óbvias, sua autoridade afunda junto com seus ministros precários.
Em café da manhã com jornalistas, Bolsonaro sinalizou a intenção de trocar o ministro Ricardo Vélez, da Educação, na segunda-feira. Sobre o ministro Marcelo Antonio, do Turismo, enrolado no escândalo do laranjal do PSL, o presidente disse que vai aguardar o relatório da Polícia Federal para decidir o que fazer. Bolsonaro sabe que já deveria ter substituído esses dois ministros e outros. Mas ele subverte até o brocardo. É como se o presidente recitasse para si mesmo, defronte do espelho: Nunca deixe para fazer amanhã o que você pode deixar de fazer hoje.
Num evento com servidores do Planalto, Bolsonaro pediu desculpas pelas "caneladas". Ele declarou, entre risos: "Não nasci para ser presidente, nasci para ser militar." Nem precisava dizer. Percebe-se de longe que o capitão não está preparado para a correnteza da Presidência. Ele disse que olha para Deus e pergunta: "Meu Deus, o que eu fiz para merecer isso? É só problema." Mas Bolsonaro acha que tem como "mudar o Brasil".
Antes de modificar o país, Bolsonaro precisa modificar a si mesmo. Pouco depois de tomar posse, o presidente dissera que não hesitaria em usar sua caneta Bic diante da necessidade de trocar ministros. Essa caneta, que nomeou incompetentes e suspeitos, sumiu. Bolsonaro precisa encontrá-la urgentemente. De resto, na hora de nomear substitutos em meio ao naufrágio, convém não confundir jacaré com tronco. Melhor não se agarrar dessa vez a gente como o guru Olavo de Carvalho.
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