Jair ‘Dilmo’ Bolsonaro revela-se liberal de gogó
A frequência com que Jair Bolsonaro interfere na administração de estatais e bancos públicos deixa de cabelos eriçados os membros da equipe econômica do seu governo. Menos de uma semana depois de ordenar ao Banco do Brasil a suspensão de uma peça publicitária e demitir o diretor de marketing da instituição, o capitão sugeriu do nada a redução dos juros para empréstimos ao setor rural. Como se houvesse solução militar para problema econômico.
Ao tomar posse, em janeiro, o presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes, homem de confiança do ministro Paulo Guedes, da Economia, deixou claro no seu discurso que, sob Bolsonaro, a instituição não voltaria a ser usada para baixar artificialmente os juros, como fizera Dilma Rousseff, em 2012. "Juro é uma questão macroeconômica", disse Novaes na ocasião, ao esclarecer que a redução teria de ser precedida de um ajuste fiscal capaz de deter o avanço da dívida pública.
Pois bem. Bolsonaro torturou o auxiliar numa feira agropecuária ao apelar, entre risos, para que Novaes acionasse o "seu coração e seu patriotismo para que esses juros caiam um pouco mais." Ao tirar do ar uma campanha publicitária do Banco do Brasil porque se incomodou com a imagem de jovens tatuados e cabeludos, Bolsonaro jugou R$ 17 milhões na lata do lixo. Esse foi o custo da peça. A pregação anti-juros logo aparecerá na queda do valor de mercado dos papeis do banco.
Cultor do liberalismo econômico, o ministro Paulo Guedes não perde oportunidade para realçar que o intervencionismo de Dilma Rousseff levou o Brasil para o abismo. Para seu desassossego, Bolsonaro revela-se um liberal de gogó. Ao repetir no Banco do Brasil a interferência que tentara na Petrobras, o capitão inquieta seus auxiliares econômicos e faz jus ao apelido que recebeu dos parlamentares do centrão: "Dilmo."
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