Caos venezuelano constrange atores no Brasil
A crise na Venezuela evolui perigosamente de um estágio inacreditável para uma fase insuportável. À medida que a temperatura sobe, aumenta o constrangimento de certos personagens no Brasil. O petismo faz silêncio, mas deveria explicar sua amizade com Nicolás Maduro. O governo Bolsonaro faz barulho, mas esquiva-se de justificar o fato de ter empurrado o Brasil para a incômoda posição de gigante regional que abdicou de sua relevância para se tornar uma insignificância diplomática a reboque dos Estados Unidos.
No caso do PT, o mais constrangedor é a ausência de um pedido de desculpas. Durante mais de uma década, sob Lula e Dilma Rousseff, o poder federal no Brasil bateu palmas para as maluquices de Hugo Chávez e Nicolás Maduro, os autocratas de Caracas. Fez pior: levou a Odebrecht para a Venezuela com dinheiro do BNDES. A diplomacia de empreitada resultou num calote companheiro que acabou no bolso do contribuinte brasileiro.
Quanto ao governo de Bolsonaro, o mais incômodo não é a estridência do presidente, mas a ineficiência de suas posições contra Maduro. O alinhamento automático de Brasília com Washington deslocou o eixo gravitacional das articulações para a mesa de Donald Trump, que cultiva a hipótese da intervenção militar como uma opção de gogó. Por sorte, o governo Bolsonaro distanciou-se dessa aventura.
As coisas na Venezuela ficaram claras como água de bica: Nicolás Maduro é um ditador. Juan Guaidó encarna a democracia. No meio dos dois há uma ecomomia em ruínas, uma população que passa fome e uma cúpula militar corrupta que retarda o desfecho da crise concedendo uma sobrevida ao ditador e reprimindo a sublevação pró-oposição. E o Brasil, diante desse cenário que ferve na sua fronteira, se autoconverteu num espectador perplexo.
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