Temer, Bolsonaro e a ala bandoleira da política
O brasileiro que tem o hábito de acompanhar o noticiário é tomado de assalto —com duplo sentido, por favor— por dois acontecimentos reveladores. Num, o ex-presidente Michel Temer acerta suas contas com a Justiça. Noutro, a ala bandoleira do Congresso impõem derrotas em série ao governo de Jair Bolsonaro. Quem quiser compreender o que está acontecendo precisa analisar a conjuntura combinando esses dois fatos.
Fora da Presidência, Temer entrou para um clube seleto. Virou sócio-atleta da Lava Jato. Há no Brasil seis ex-presidentes da República vivos. Cinco foram fisgados pela operação anticorrupção. Viraram protagonistas de enredos criminais abraçados a um conglomerado partidário que reúne o que há de mais arcaico e patrimonialista no Congresso. A política nacional encontra-se numa encruzilhada.
Num instante em que Lula continua preso e Temer amarga sua segunda passagem pela cadeia, o bloco do atraso cerca Bolsonaro no Congresso. O cerco é liderado por parlamentares que também estão encrencados na Lava Jato. Mas eles se movem pelos subterrâneos de Brasília como se nada tivesse sido descoberto sobre eles. Exigem privilégios, verbas e cargos. Bolsonaro já encostou a barriga no balcão. Mas ainda não entregou toda a mercadoria. Por isso é derrotado.
O que há de mais preocupante nessa conjuntura não é a confirmação de que o sistema político apodreceu. O que inquieta é a percepção de que o pedaço bandalho da política não tem a menor intenção de se regenerar. Diz a Constituição que o Brasil é uma República. Engano. Vivemos numa cleptocracia monárquica. Nela, reina a avacalhação.
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