E se uma bala perdida do capitão atingir Guedes?
Jair Bolsonaro já declarou que só dorme tranquilo se tiver uma arma na mesinha de cabeceira. No Palácio da Alvorada, guarnecido por seguranças, o capitão ainda não precisou utilizar a arma. Mas transformou sua Presidência num imenso tiroteio. Seu principal alvo é o Congresso Nacional. No final de semana, Bolsonaro distribuiu texto que apresenta o Brasil como um país "ingovernável" graças à resistência de corporações e políticos patrimonialistas. Atiçou seus seguidores nas redes sociais, estimulando-os a participar de manifestação anti-Congresso marcada para o dia 26.
A semana mal começou e Bolsonaro já produziu novos disparos: "O Brasil é um país maravilhoso, que tem tudo para dar certo", disse ele em discurso para empresários, no Rio. "Mas o grande problema é a nossa classe política." Bolsonaro sabe o que diz. Passou 28 anos na Câmara sem produzir nada de positivo. Agora, não se deu conta de que seus eleitores não votaram nele para passar quatro anos criticando os políticos.
Bolsonaro chegou ao Planalto cavalgando a esperança de uma administração eticamente sustentável e economicamente próspera. A ética foi para o beleléu depois que o próprio pesidente encostou no seu governo o escândalo que assedia o filho Flávio Bolsonaro. A volta da prosperidade é postergada pela demora na aprovação de reformas econômicas no Congresso.
Contra esse pano de fundo entrecortado pelos tiros que Bolsonaro dispara, uma pergunta passou a inquietar o pedaço militar do governo e alguns dirigentes partidários: E se uma bala perdida atingir o ministro Paulo Guedes? Disseminam-se pelos bastidores de Brasília dois consensos: 1) se o ministro da Economia for abatido, o custo da crise será maior. 2) o brasileiro pobre, sobretudo o desempregado, pagará a maior parte do prejuízo. Militares e o pedaço responsável da política trabalham para "blindar" Paulo Guedes.
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