Bolsonaro volta a enaltecer atos anti-Congresso
Jair Bolsonaro pediu aos ministros que se distanciem dos atos pró-governo e anti-Congresso marcados para domingo, informou o porta-voz Otávio Rêgo Barros. O presidente solicitou inclusive que os membros de sua equipe se abstenham de fazer convocações via redes sociais. Horas depois, Bolsonaro descumpriu sua própria orientação. Voltou a enaltecer a manifestação.
Embora os seguidores do guru Olavo de Carvalho defendessem que Bolsonaro fosse à rua no domingo, o capitão decidiu dar ouvidos às ponderações de seus conselheiros militares, que desaconselharam sua presença nos atos. Ao tratar novamente do tema, na noite desta terça-feira, o presidente bateu duas estacas nas redes sociais —uma no cravo, para contentar os 'olavetes'; outra na ferradura, para satisfazer os fardados.
Primeiro, Bolsonaro afagou o pedaço do eleitorado que ainda se dispõe a sair ao asfalto para bater bumbo por ele: "Quanto aos atos do dia 26, vejo como uma manifestação espontânea da população, que, de forma inédita, vem sendo a voz principal para as decisões políticas que o Brasil deve tomar."
Depois, Bolsonaro fez uma pose institucional: "Acredito na harmonia, na sensibilidade e no patriotismo dos integrantes dos três Poderes da República para o momento que atravessa nossa nação. Juntos, ao lado da população brasileira e de Deus, alcançaremos nossos objetivos!"
Considerando-se o teor das postagens de Bolsonaro nos últimos dias —o endosso ao texto sobre a "ingovernabilidade" do Brasil, o aval ao vídeo que o retratou como enviado de Deus—, o autor destes últimos posts revelou-se um presidente respeitoso e de rara compostura. Ou seja, o capitão estava completamente fora de si.
O objetivo de Bolsonaro só foi plenamente alcançado na caixa de comentários. Ali, seus seguidores cuidaram de desferir as caneladas virtuais que a liturgia da Presidência impediu Bolsonaro de desferir. Eis alguns exemplos representativos:
Vander Tessari disse que os políticos querem "chantagear e barganhar." Valeria S.S. Brasil escreveu que "a coisa tem que ser meio bruta" na relação com o Congresso. Lucio Drummond anotou que Congresso e Judiciário são compostos de "corruptos da pior espécie." Uma seguidora que se identificou como "Sou Conservadora" acrescentou que os apologistas de Bolsonaro vão às ruas "para mostrar para esses ratos que quem manda é o povo."
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