Na contramão da rua, Capitão cede ao centrão
Jair Bolsonaro considerou "significativo e histórico" o apoio que recebeu na manifestação do final de semana. "Não podemos ignorar", escreveu o presidente nas redes sociais. Nesta terça-feira, menos de 72 horas depois dos atos de domingo, o capitão ignorou o aval dos seus apologistas à permanência do Coaf nas mãos de Sergio Moro. Na contramão das ruas, Bolsonaro rendeu-se ao centrão.
A coragem é a arte de ter medo sem deixar transparecer. No caso de Bolsonaro, foi impossível salvar a pose. A capitulação do seu governo foi formalizada em carta. Endossado pelos ministros Sergio Moro (Justiça) e Paulo Guedes (Economia), o documento foi entregue ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre, pelo ministro Onyx Lorenzoni (Casa Civil).
Roga-se no texto para que os senadores aprovem a medida provisória que reestruturou os ministérios no formato que já foi referendado pela Câmara, com o Coaf devolvido à pasta da Economia. Alega-se que o recuo é inevitável porque não haveria tempo para concluir o processo de votação, pois a medida provisória perde a validade na segunda-feira (3). Trata-se de uma lorota.
O tempo é curto. Mas o que falta ao governo é voto. Aprovada pelos senadores nesta terça-feira com o ajuste do Coaf, a MP retornaria à Câmara, para nova votação. Se houvesse um acordo, a Câmara teria a quarta e a quinta-feira para deliberar. O diabo é que um pedaço do centrão não se dispõe a entregar seus votos a Bolsonaro.
Para não correr o risco de ter de volta a estrutura ministerial de Michel Temer, com 29 ministérios em vez dos atuais 22, Bolsonaro piscou. E o líder do PSL no Senado, Major Olimpio, que articulava a devolução do Coaf a Moro, viu-se compelido a recolher as armas: "É muito difícil você defender quem não quer ser defendido."
Quer dizer: Bolsonaro preferiu ser oportunista, flutuando agarrado ao "significativo e histórico" apoio recebido das ruas, do que ir ao fundo com sua empáfia amarrada ao pescoço. Poderia ter experimentado o caminho alternativo da negociação. Mas isso é coisa para gente de coragem.
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