Na briga sobre Previdência dos Estados e municípios, você entra com o bolso
Os governadores começaram a sair do armário no debate sobre a reforma da Previdência. Num par de cartas, posicionaram-se a favor da manutenção de Estados e municípios na proposta em tramitação no Congresso. Alguns defendem ajustes no texto. O problema é que a grossa maioria dos governadores ainda não arregaçou as mangas para conquistar os votos dos parlamentares dos seus respectivos Estados.
Ao apoiar a reforma apenas por carta, esses governadores passam a sensação de que desejam assistir ao espetáculo com o distanciamento de estudiosos acadêmicos. O diabo é que o buraco da Previdência dos Estados, que roça os R$ 100 bilhões anuais, já não permite aos governadores observar a cena conflagrada do Legislativo como se nada fosse com eles. Incomodados, os parlamentares continuam dispostos a retirar os servidores estaduais e municipais da reforma previdenciária.
Com isso, governadores e prefeitos seriam obrigados a providenciar seus próprios ajustes, imprimindo suas digitais em projetos de ajuste enviados aos legislativos locais. O pano de fundo desse jogo de empurra é a eleição de 2022.
Convém prestar atenção nesses governadores que tratam de Previdência mais ou menos como o sujeito que quer pregar um prego sem se machucar e segura o martelo com as duas mãos. Não se deve descuidar também de parlamentares que reclamam da pressão política como comandante de navio que se queixa da existência do mar.
Você talvez imagine que esse assunto não tem nada a ver com o seu café com leite. Engano. Nessa briga, os políticos entram com o cinismo e a hipocrisia. E você entra com o bolso que vai cobrir o rombo previdenciário dos estados e municípios se eles ficarem de fora da reforma.
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