Antes de ir ao Senado, Moro ensaia no Ratinho
Cada vez mais próximo das urnas de 2022 do que da poltrona de ministro do Supremo que deve ser desocupada em novembro de 2020, quando o decano Celso de Mello se aposentar, Sergio Moro vai se tornando um típico político brasileiro —do tipo que o Barão de Itararé definiria como um sujeito que vive às claras, aproveitando as gemas e sem desprezar as cascas.
Aos pouquinhos, Moro torna claras como a gema as explicações sobre as mensagens que saltam do celular para as manchetes. Começou dizendo que não havia nos diálogos com a turma da Lava Jato "qualquer anormalidade" capaz de colocar em dúvida sua isenção na época em que dava expediente como juiz. No final de semana, como qualquer político em apuros, exigia a apresentação do material a uma "autoridade independente", para a checagem de sua autenticidade.
Se a Lava Jato ensinou alguma coisa a Moro é que não se faz uma omelete sem quebrar os ovos. Durante quatro anos e meio, o então juiz da 13ª Vara de Curitiba tomou gosto pelo crec-crec das cascas que ele ajudou a quebrar. Agora, Moro sente na pele o ruído. Ele se esforça para abafar o barulhinho da própria casca se quebrando.
Moro já não é o mesmo ex-juiz de ontem. E vive a síndrome do que está por vir. Torcedor do Maringá, vestiu a camisa do Flamengo na semana passada. Na quarta-feira, dará explicações à Comissão de Constituição e Justiça do Senado. Nesta segunda-feira, ensaiou a língua numa gravação do Programa do Ratinho. O ex-juiz, não há dúvida, virou um típico político brasileiro. Grosso modo falando.
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