Recuperação da Odebrecht premia corruptores
O processo de recuperação judicial conduziu a Odebrecht a um novo patamar. Estava no abismo. E atingiu o subsolo do precipício. Quanto mais afunda, mais criativa fica a empreiteira. Depois de inventar o Departamento de Propinas, criou uma espécie de pró-bandalheira, programa interno para premiar proprietários e ex-executivos que estrelaram a Lava Jato como corruptos confessos.
No pedido de recuperação que protocolou na Justiça para tentar fugir da falência, a Odebrecht esmiuçou sua dívida estratosférica de quase R$ 100 bilhões. Incluiu na fila de credores, veja você, os ex-executivos que admitiram em acordos de delação ter praticado grossa corrupção. A empreiteira pode até quebrar. Mas planeja forrar os bolsos dos seus corruptos.
O patriarca Emilio Odebrecht, por exemplo, considera-se credor de R$ 81,4 milhões, entre garantias, incentivos e créditos. O príncipe Marcelo Odebrecht, em prisão domiciliar, espera receber R$ 16,2 milhões. Hilberto Mascarenhas, um dos chefes do setor de propinas, dispõe de créditos de R$ 24,6 milhões. Benedicto Barbosa tem R$ 14,4 milhões. Claudio Melo Filho, R$ 8,9 milhões. E a lista continua…
Em maio de 2015, Emílio Odebrecht anotou num artigo: "A corrupção é problema grave e deve ser tratado com respeito à lei […], mas é fundamental que a energia da nação […] seja canalizada para o debate do que precisamos fazer para mudar o país." Nessa época, Marcelo Odebrecht, preso em Curitiba, dizia, estalando de pureza moral, que não seria delator porque não tinha o que delatar. Deu no que está dando. No subsolo do abismo, a turma da Odebrecht já não quer salvar a nação. Contenta-se em salvar os próprios bolsos.
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