Onyx tornou-se vítima da maldição da Casa Civil
Onyx Lorenzoni teve uma subida meteórica. Devoto de primeira hora do "mito", saltou do baixo clero da Câmara para o cardinalato palaciano. Em seis meses de governo, começa a fazer o caminho de volta. Enfrenta prematuramente a maldição da Casa Civil. Dividia a articulação política com Santos Cruz, um general da reserva. Foi integralmente substituído na função por Luiz Eduardo Ramos, um general da ativa.
Às voltas com a necessidade de aprovar a reforma da Previdência Bolsonaro ainda ostenta a incômoda posição de comandante sem tropa no Congresso. Não consegue votos nem para manter em pé seus decretos. Munido de autocritérios, Onyx considera-se o articulador mais habilidoso que Onyx conhece. Mas tudo o que conseguiu foi transformar a articulação política do Planalto num latifúndio improdutivo que Rodrigo Maia invadiu.
O presidente da Câmara apropriou-se da própria reforma da Previdência. E costura com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, uma agenda legislativa destinada a reacender as fornalhas da economia, distanciando o Legislativo da "usina de crises" do Executivo.
Ex-assessor legislativo do Exército, o general Ramos é mais habilidoso do que Onyx. Mas seu sucesso na nova função é improvável, pois ainda não surgiu talento capaz de domar os ímpetos de Jair Bolsonaro. É provável que o novo articulador seja convertido a médio prazo em mais um fusível que o capitão desligará do quadro. O afastamento de Santos Cruz mostrou que, sob Bolsonaro, a amizade e a farda não asseguram estabilidade no emprego.
Quanto à Casa Civil de Onyx, além de perder a atribuição de articular o Planalto com o Legislativo, a pasta foi privada de realizar a análise jurídica de decretos presidenciais, projetos de lei e medidas provisórias. Passará a cuidar do PPI, o programa de parcerias e investimentos do governo. Quer dizer: Onyx foi deslocado da vitrine para os fundões administrativos do governo.
Na era petista, a Casa Civil foi ocupada por seis personagens. Dois estão na cadeia (Palocci e Dirceu), uma foi fisgada na Operação Zelotes (Erenice), outra virou ré na Lava Jato (Gleisi), outro foi enviado ao ostracismo (Mercadante) e uma última sofreu impeachment e virou cuidadora de netos (Dilma). Sob Temer, a Casa Civil abrigou matéria-prima para a Polícia Federal (Padilha). Onyx, que já tem as digitais num caso de caixa dois, deveria se benzer.
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