Retórica do capitão contra velha política vira suco
Em seis meses de governo, Jair Bolsonaro demitiu quatro ministros. Na última leva, ao justificar o afastamento de auxiliares palacianos, entre eles dois militares, disse que certos ministros são como fusíveis. "Para evitar queimar o presidente, eles se queimam." Em relação ao titular da pasta do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, inverteu-se a lógica. Para não fritar o ministro, o capitão submeteu-se a um inusitado processo de autocombustão. Agora, com a imagem em franco processo de carbonização, Bolsonaro terá de fazer por pressão o que não fez por opção.
Em operação deflagrada nesta quinta-feira, a Polícia Federal cumpriu três ordens de prisão. Coisa relacionada ao inquérito sobre o uso de dinheiro público na irrigação de candidaturas de laranjas do PSL. Foram recolhidos um assessor e dois ex-assessores de Marcelo Álvaro Antonio. Ficou-se com a impressão de que, não fosse o foro privilegiado, o próprio ministro poderia ter recebido a visita matutina dos rapazes da PF.
Bolsonaro, como se sabe, especializou-se na arte de armar emboscadas para si mesmo. Ordenara a Sergio Moro, ministro da Justiça, que acionasse a Polícia Federal para investigar o caso das candidaturas laranjas do PSL. Simultaneamente, manteve na poltrona do Turismo um protagonista do escândalo. Conseguiu transformar a queima da reputação de um ministro num incêndio que consome a autoridade presidencial.
Além de eletrocutar a imagem do presidente, a permanência do ministro no cargo leva à liquefação do discurso de Bolsonaro. O lero-lero contra a velha política vai virando suco… De laranja.
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