Chefe do Fisco elogia Bolsonaro por cumprir a lei
Incomodado com o caso do sargento pilhado na Espanha transportando 39 kg de cocaína no avião precursor de sua viagem ao Japão, Jair Bolsonaro adotou no retorno da reunião do G20 um comportamento de mostruário. Após desembarcar na Base Aérea de Brasília, no último sábado, dirigiu-se aos servidores da Receita Federal encarregados do serviço alfandegário. Declarou as compras que fizera no estrangeiro. E pagou as taxas devidas.
O economista Marcos Cintra, secretário da Receita, elogiou o capitão por ter cumprido a lei: "…Bolsonaro volta do Japão, declara compra que fez, paga tarifa aduaneira e confraterniza com auditores da Receita Federal", escreveu Cintra no Twitter. "Exemplo de cumpridor da Lei. Teria sido fácil enfiar no bolso e pronto. Mas escolheu o caminho correto. Parabéns Presidente. Bela lição."
Cintra não especificou a mercadoria exibida por Bolsonaro. Tampouco informou quanto o presidente desembolsou na alfândega. Na última quinta-feira, ainda no Japão, o presidente exibira numa transmissão ao vivo pelo Facebook mercadorias feitas de nióbio. Fez isso a pretexto de enaltecer as virtudes do metal de sua predileção.
Falando desde Osaka, o presidente exibiu uma bijuteria, um pingente e talheres (garfo e faca). Juntos, os produtos custaram algo como US$ 1.450 —cerca de 5,5 mil em reais. Bolsonaro virou matéria-prima para memes. Propagandeou uma bijuteria de gosto duvidoso, "Custou caro", disse. Coisa de US$ 1 mil. Em moeda nacional: R$ 3,8 mil. Chegou a mencionar que teria de se acertar com a alfândega na volta.
"Um bom exemplo vale mais que mil castigos", derreteu-se o chefe do Fisco. Já que começou, Marcos Cintra deveria completar o serviço noticioso. Faltou definir o que exatamente "teria sido fácil enfiar no bolso e pronto." A bijuteria? O pingente? Os talheres? Tudo? Bolsonaro alegraria a plateia se esclarecesse que mercadorias exibiu aos fiscais e quanto pagou de tarifas.
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