Bolsonaro vira estorvo da reforma que o beneficia
Jair Bolsonaro assiste ao avanço da emenda constitucional sobre a Previdência numa posição paradoxal. O presidente tornou-se, simultaneamente, um grande estorvo e o maior beneficiário da mexida nas regras da aposentadoria. Nunca ajudou na tramitação da proposta. Nos últimos dias resolveu atrapalhar. Mas já se equipa para usufruir dos resultados econômicos da provável aprovação.
Bolsonaro cruzou a Praça dos Três Poderes, entregou a proposta de reforma ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e pôs-se a repetir: "A bola agora está com o Congresso." Foi instado a ajudar na articulação para reinserir Estados e municípios na reforma. Disse que não moveria uma palha. Não trombeteou a reforma nas redes sociais, seu habitat natural.
De repente, chamado de "traidor" por policiais, Bolsonaro passou a trabalhar pela concessão de aposentadoria especialíssima à corporação amiga. Suprema incoerência: o presidente prega a desidratação de sua própria reforma. Não prosperou na fase da comissão especial. Mas, para desassossego do ministro Paulo Guedes, da Economia, planeja levar o esforço às últimas consequências.
Maltratados pelo governo, os parlamentares entregarão a reforma para não serem responsabilizados pelo agravamento da crise econômica. Concluído o processo de votação, no segundo semestre, após a manifestação do Senado, o estorvo dirá que prevaleceu no Congresso sem recorrer ao toma lá, dá cá. Como dizia Ulysses Guimarães, em política quem prepara a refeição nem sempre come o melhor bocado.
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