Aécio apodrece o plano de renovação do PSDB
Há dois meses, perguntaram a João Doria, opção presidencial do PSDB para 2022, o que achava da hipótese de abertura de um processo de expulsão de Aécio Neves do partido. E ele: "Eu acho que nós temos que ter uma atitude, mas em respeito à nova Executiva, que assume no dia 1º de junho, eu vou aguardar essa eleição para me manifestar."
Para não parecer que flertava com o velho muro do tucanato, Doria avançou um milímetro em sua retórica: "Esse é um tema que nós temos que discutir no PSDB, não podemos colocar isso debaixo do tapete e fingir que não é um problema. É um tema que a nova executiva do PSDB vai ter que debater e vai ter que enfrentar, não dá para dizer que não tem nenhum tipo de problema e que vai ficar como está."
O tempo passou. A "nova Executiva" tucana assumiu trombeteando a renovação do partido. Aprovou-se um novo "código de ética". Prevê a expulsão de filiados encrencados criminalmente. Mas o expurgo só ocorrerá depois da condenação em última instância. Por esse critério, Aécio, protagonista de nove processos, permanece nos quadros do PSDB como se nada tivesse sido descoberto sobre ele.
Doria silenciou. Não houve quem levantasse o tapete. Súbito, nesta sexta-feira (5), o juiz federal João Batista Gonçalves, da 6ª Vara Criminal Federal em São Paulo, abriu ação penal contra o agora deputado Aécio no célebre caso da propina de R$ 2 milhões da JBS.
A encrenca é de 2017. A defesa de Aécio informa que "não há nenhum fato novo. Trata-se apenas do declínio de competência que transferiu a denúncia aceita pela Primeira Turma do STF para a Justiça Federal de São Paulo." De fato, nada de novo sob o Sol. Exceto a evidência de que Aécio apodreceu os planos de renovação do PSDB. O tucanato revela-se capaz de tudo, menos de perder a oportunidade de perder oportunidades.
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